O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou em entrevista à agĂȘncia de notĂcias AFP que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem responsabilidade polĂtica pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro, que completam um ano na próxima semana.
"A responsabilidade polĂtica (de Bolsonaro) é inequĂvoca. Eu acredito que até mesmo os militares não retiraram esses invasores, esses manifestantes, por conta de algum estĂmulo que havia por parte da PresidĂȘncia da RepĂșblica", declarou Gilmar Mendes à agĂȘncia.
Cabe à Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR) decidir se hĂĄ elementos para denunciar Bolsonaro. Ele é investigado no inquérito sobre os iniciadores dos atos golpistas em BrasĂlia. A PGR avalia se ele instigou seus apoiadores contra as instituições e a não aceitarem o resultado da eleição. Uma das provas é o vĂdeo publicado pelo ex-presidente no Facebook, dois dias após as cenas de vandalismo em BrasĂlia, com teorias infundadas sobre a segurança das urnas. A postagem foi apagada minutos depois. Em depoimento à PolĂcia Federal, ele afirmou que estava medicado e que queria assistir o vĂdeo e não publicĂĄ-lo em seu perfil.
Se for denunciado, mesmo não sendo mais presidente, deve ser julgado pelo STF, porque o tribunal mantém sob sua jurisdição todas as investigações e ações relacionadas aos protestos na Praça dos TrĂȘs Poderes.
Gilmar Mendes também afirmou que os ataques reiterados feitos por bolsonaristas às urnas eletrônicas eram um subterfĂșgio para questionar o resultado da eleição em caso de derrota.
"O que estava em jogo não era a dĂșvida que tivessem em relação à urna eletrônica, era a busca de um pretexto para o caso de um resultado desfavorĂĄvel. Isso ficou muito evidente quando Bolsonaro, depois do segundo turno, impugna o resultado das eleições só em relação às eleições presidenciais e só aonde ele tinha perdido", afirmou.
Fonte: Isto Ă