A pesquisa do Fundo Mundial para a Natureza foi feita em 29 países da América Latina, Ásia, África e Oceania que concentram a maior área do planeta que ainda tem floresta. Relatório registra aumento do desmatamento no Brasil e diminuição de multas
Um relatório do Fundo Mundial para a Natureza registrou que o desmatamento no Brasil cresceu e a aplicação de multas diminuiu.
A pesquisa foi feita em 29 países da América Latina, Ásia, África e Oceania que concentram a maior área do planeta que ainda tem floresta. Mas a faixa verde no mapa não para de diminuir.
Em pouco mais de uma década, uma área equivalente ao Marrocos já foi embora por causa da devastação. E o Brasil não está bem na foto nem nos números. O país ficou entre os que mais desmataram entre 2000 e 2018. É o único com duas áreas sendo destruídas simultaneamente: Amazônia e Cerrado.
Em 2020 o desmatamento no Cerrado aumentou 13% em relação a 2019. No mesmo período a Amazônia perdeu mais de 11 mil quilômetros quadrados de floresta, o índice mais alto desde 2008. Segundo o estudo, a mata é derrubada principalmente para fazer pasto, plantação, garimpo e para explorar madeira.
Um dos responsáveis pelo relatório diz que pelo menos 30% dessa derrubada são comprovadamente ilegais, porque acontecem em áreas de preservação ou reservas indígenas. Ele cita outro problema: a fiscalização afrouxou em 2020.
“A quantidade de multas emitidas pelos órgãos de fiscalização diminuiu 42%. Significa menos ilegalidades sendo identificadas e coibidas lá na ponta. Ao mesmo tempo, a faixa de desmatamento está subindo”, disse Edegar de Oliveira Rosa, diretor de Ciências do WWF-Brasil.
Os ambientalistas alertam que muitas das consequências do desmatamento já estão no nosso dia a dia: ondas de calor, estiagens prolongadas e tempestades mais frequentes. Agora, durante a pandemia, os pesquisadores lembram que a devastação também pode afetar a saúde das pessoas.
A floresta no chão traz risco de vírus desconhecidos chegarem ao homem, trazendo novas doenças. Foi assim com o ebola e com a febre amarela, que voltou a preocupar.
“A fragmentação e o desmatamento fazem com que se tenha mais área de contato entre os homens e os animais, e também os animais domésticos. E é nesse contato que existe maior risco de os vírus ou outros patógenos pularem de uma espécie selvagem para um animal doméstico ou para o homem”, explicou a bióloga Mariana Napolitano.
Os ambientalistas dizem que é preciso mudar de postura, que economia e meio ambiente precisam estar em equilíbrio.
“Sob o ponto de vista de produção agrícola e pecuária, a gente domina tecnologias para conseguir aumentar a nossa produção sem novos desmatamentos. O que vem acontecendo é uma falta de combate ao desmatamento desnecessário e uma questão até mesmo de estímulo a essa ilegalidade”, explicou Edegar de Oliveira Rosa.
O Ministério do Meio Ambiente afirmou que o Plano Nacional de Combate ao Desmatamento Ilegal se baseia nas regras rígidas do Código Florestal. O ministério não comentou a redução na aplicação de multas.