Protestos, reunião com torcida, manifestações de jogadores... O cenário de Junior x Fluminense

Por Redação em 05/05/2021 às 04:36:26

Colômbia vive semana de manifestações contra reforma tributária do governo. Apesar de novos protestos marcados, jogo segue previsto para quinta-feira, às 21h (de Brasília), em Barranquilla Não bastasse a odisseia enfrentada pelo Fluminense na semana passada para enfrentar o Santa Fe, a delegação tricolor se vê novamente diante de um cenário de incertezas em outra viagem para a Colômbia, para encarar o Junior Barranquilla nesta quinta-feira, às 19h (de Brasília), no Estádio Romelio Martínez. Desta vez, o motivo são os protestos populares contra o governo, com direito a confrontos entre manifestantes e forças policiais, que já duram seis dias em diversas cidades do país. Até o momento, 19 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas.

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Confronto entre manifestantes e policiais em Bogotá, na Colômbia

Getty Images

Três partidas, duas pela Libertadores e outra pela Sul-Americana, que estavam marcadas para as cidades de Armenia e Pereira, foram transferidas da Colômbia para o Paraguai. De acordo com a Conmebol, porém, as autoridades de Barranquilla garantiram a segurança para a realização do jogo do Fluminense – o mesmo ocorreu com Ibagué, onde o Tolima receberá o Emelec nesta quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), pelo Grupo G da Sul-Americana.

– Em Barranquilla houve protestos e certamente continuarão, mas sem a intensidade e agressividade de outras cidades, como Cali, por exemplo, que registra o maior número de mortes. Por exemplo, hoje (ontem) houve marchas de grupos folclóricos que protestaram sem gerar caos ou violência aqui na cidade – explicou Angel Julio Rodelo, da Rádio RCN em Barranquilla.

Há mais manifestações previstas da populações de Barranquilla e arredores. Na manhã desta quarta-feira, por exemplo, vários professores e educadores vão se reunir para protestar no Metrocentro da Rua Murillo, a 15 km do hotel onde se encontra o Fluminense e a 4 km do Estádio Metropolitano, onde os jogadores tricolores treinarão na parte da tarde.

Distância do protesto para local do treino do Fluminense

Reprodução / Google Maps

Na terça-feira, uma organizada do Junior Barranquilla chegou e pedir suspensão ou adiamento da partida, em solidariedade aos protestos, e ameaçou impedir a entrada dos ônibus dos clubes no estádio. Foi preciso uma reunião das autoridades locais, que continuam sem se posicionar oficialmente sobre o tema, com membros das torcidas para acalmar a situação:

– A partida será na quinta, foi a principal conclusão. Essa reunião foi feita com as organizadas e a administração distrital. As autoridades da cidade garantiram (a segurança) – afirmou Jorge Molina, da Rádio A Un CLICK em Barranquilla.

Entre as reações nas redes sociais, há quem aprove a decisão, mas também quem critique. Alguns perfis classificaram o jogo como "circo" para o povo em Barranquilla, enquanto a população luta por seus direitos nas ruas. Segundo Angel Julio Rodelo, porém, a expectativa maior na cidade é para que o jogo seja realizado normalmente:

– A cidade é muito esportiva e futebolística. Apesar das manifestações e protestos, se vive a expectativa pela partida, sobretudo pelo rival que é muito chamativo. Esta região da Colômbia é muito diferente do resto do país. As pessoas aqui são mais festeiras e alegres e, em termos gerais, desfruta do futebol e do Junior. Desejam que a partida ocorra.

Jogadores também se manifestam

Após o treino de terça-feira, o Junior Barranquilla postou em suas redes sociais fotos da atividade com a legenda: "Pensamos no Fluminense! O elenco tem a mente focada na Libertadores. Vamos com tudo na busca dos 3 pontos". Porém, os jogadores não estão alheios ao que acontece no país, e muitos deles se manifestaram em seus perfis pessoais no Instagram.

Jogadores do Junior Barranquilla se manifestam sobre protestos na Colômbia

Reprodução

O lateral-direito Viáfara, o meia Fredy Hinestroza e os atacantes Sandoval e Teo Gutiérrez foram alguns dos que publicaram mensagens de apoio aos protestos ou críticas ao governo. Capitão da equipe, o goleiro uruguaio Viera, único gringo do elenco ao lado do argentino Sambueza, se solidarizou por se sentir como um colombiano e publicou uma mensagem em seu Instagram:

– Tento não tocar em questões políticas, mas já é um caos social e econômico. Moro na Colômbia há mais de 10 anos e, sem ser cidadão, me identifico plenamente. O que percebo é que não se trata de classes sociais, mas sim que as pessoas explodiram diante de tanto acúmulo de injustiças, corrupção, violência e soluções irrealistas. Todos queremos um futuro igualitário e sustentável. Muitos estão até fugindo para o exterior. Precisamos que nos forneçam algo tangível, sem abuso de poder e sem que nos golpeiem ainda mais no nosso bolso.

– Convido aqueles que dirigem este lindo país a nos levar em consideração, a colocar seu ego de lado e buscar a conciliação e se conscientizar. Para aqueles que participam dos protestos pacíficos, tentem identificar os anti-sociais e denunciá-los, ou tentar persuadi-los, pois os atos de vandalismo tornam as coisas piores. Não manchem a mensagem principal. Eu quero ficar minha vida inteira na Colômbia. Uma Colômbia com um grande futuro, justo e feliz, para você, para eles e para meus filhos.

Equatoriano Cazares compartilhou uma publicação em solidariedade à Colômbia

Reprodução / Instagram

Entre os jogadores do Fluminense, Cazares também se solidarizou com a situação. O meia do Equador, país vizinho, compartilhou uma publicação com a mensagem: "Força, Colômbia".

Entenda os protestos na Colômbia

Os protestos ocorrem em razão de uma proposta de reforma tributária do governo do presidente Ivan Duque, no cargo desde agosto de 2018. O pacote elaborado pelo governo consistia na ampliação da base tributária e cobrança de 19% de impostos nos serviços públicos, o que impactaria, principalmente, nas classes médias e baixas da população.

As manifestações começaram na quinta-feira passada, inicialmente convocados por centrais sindicais e movimentos sociais, e têm recebido cada vez mais a adesão de diversos setores da população. A reação violenta das forças policiais contra os manifestantes agravaram ainda mais o cenário.

Ivan Duque, presidente da Colômbia

Getty Images

Segundo um balanço da organização Defensoria do Povo, 18 civis e um policial morreram nos confrontos. O Ministério da Defesa da Colômbia divulgou que 846 pessoas ficaram feridas nos confrontos, entre eles 306 civis. Até o momento, 431 pessoas foram presas. Circulam pelas redes sociais diversos vídeos e imagens de ações violentas da polícia colombiana. Também houve saques e depredações.

A escalada de violência levou a ONU (Organização das Nações Unidos) a se manifestar condenando o "uso excessivo da força" por parte das forças policiais e pedindo calma de ambas as partes nos novos atos marcados para esta quarta-feira.

Manifestante atira coquetel molotov contra a polícia, durante protesto em Cali: 19 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas nas manifestações na Colômbia

Luis Robayo/AFP

A capital Bogotá e as cidades de Cali e Medellín tem sido os principais centros dos protestos. Nesta segunda-feira, por sua vez, Barranquilla, cidade do jogo do Fluminense, foi palco de manifestações espontâneas, que ocorreram de forma pacífica e sem confrontos.

A insatisfação generalizada da população contra a proposta forçou o presidente Ivan Duque a retirar a reforma tributária da pauta. Na esteira, o ministro da Fazenda, Alberto Carrasquilla, mentor do projeto, renunciou ao cargo.

Homem é carregado na cidade de Cali, na Colômbia; manifestantes dizem que ele foi vítima de violência policial durante os protestos no dia 3 de maio

Juan Bautista/Reuters

As medidas, no entanto, não arrefeceram os ânimos da população. Novas manifestações estão marcadas para esta quarta-feira em diversas cidades da Colômbia. Outros temas, como aceleração da vacinação contra a Covid-19 e renda básica para a população, por exemplo, também entraram em pauta.

Reformas econômicas do atual governo colombiano já haviam sido alvo de protestos no fim de 2019, mas a pandemia de Covid-19 acabou arrefecendo as manifestações. Com o aprofundamento da crise econômica no país, porém, nem a permanência da pandemia impediu a retomada dos protestos diante da nova proposição.

Três jogos transferidos para o Paraguai

Em razão dos acontecimentos, a Conmebol transferiu para Assunção, Paraguai, três partidas que estavam marcadas para serem realizadas na Colômbia nesta semana. Todas envolvendo clubes argentinos e colombianos.

Santa Fe x River Plate (Libertadores) e La Equidad x Lanús (Sul-Americana) quarta e quinta, respectivamente, em Armenia. Já Atlético Nacional x Argentinos Juniors (Libertadores) seria na quinta em Pereira. Todas serão na quinta-feira, em Assunção. Segundo a entidade, a mudança se deveu pela falta de garantia das autoridades das duas cidades em questão, Armenia e Pereira, de ter policiamento para a realização as partidas.

As mudanças começaram a se desenhar justamente quando o Fluminense chegava ao Aeroporto do Galeão para embarcar rumo a Barranquilla. Cientes do cenário de incertezas, o presidente Mário Bittencourt e o coordenador administrativo Marcelo Penha, que acompanham a delegação, fizeram contato com Walter Feldman, secretário geral da CBF, para que a Conmebol orientasse se a delegação tricolor deveria seguir ou não para a Colômbia.

A confederação sul-americana deu sinal verde para o Flu seguir viagem. De acordo com a Conmebol, as autoridades de Barranquilla garantiram a segurança para a realização do jogo - o mesmo ocorreu em Ibagué, onde o Tolima receberá o Emelec, pela Copa Sul-Americana, na quarta-feira. Isto não significa, porém, que é 100% garantido que o jogo será realizado no local na data marcada. O cenário na Colômbia segue de instabilidade e tudo pode mudar até o dia da partida.

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Fonte: Globo Esporte/G1

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