OAB identifica 15 mortos em massacre no Jacarezinho; mais jovem tinha 18 anos

Por Redação em 07/05/2021 às 19:41:47

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) disse nesta sexta-feira que acompanha a perícia nos corpos das pessoas mortas durante a operação A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanhava na manhã de hoje a liberação dos corpos das vítimas do massacre na Favela do Jacarezinho que deixou 25 pessoas mortas, considerada a mais letal da história do Rio. A comissão divulgou uma lista com os nomes das 15 primeiras vítimas identificadas.

Entre eles, um jovem de 18 anos e outro de 19. Todos eram homens, e dez deles tinham entre 18 e 30 anos. A Polícia Civil, no entanto, ainda não informou o nome dos mortos e não tinha começado a fazer as autópsias até as 11h de hoje.

As vítimas identificadas pela OAB:

- Ray Barreto de Araújo, 19 anos

- Romulo Oliveira Lucio, 20 anos

- Mauricio Ferreira da Silva, 27 anos

- Jhonatan Araújo da Silva, 18 anos

- John Jefferson Mendes Rufino da Silva, 30 anos

- Wagner Luis de Magalhães Fagundes, 38 anos

- Richard Gabriel da Silva Ferreira, 23 anos

- Marcio da Silva, 43 anos

- Francisco Fabio Dias Araujo Chaves, 25 anos

- Toni da Conceição, 30 anos

- Isaac Pinheiro de Oliveira, 22 anos

- Cleiton da Silva de Freitas Lima, 27 anos

- Marcio Manoel da Silva, 31 anos

- Jorge Jonas do Carmo, 31 anos

- Carlos Ivan Avelino da Costa Júnior, 32 anos

Além desses nomes, a família de Natan Oliveira de Almeida, de 21 anos, também o identificou como uma das vítimas da operação. O corpo de Marlon Santana de Araújo, de 23 anos, também foi reconhecido pela mãe, segundo a própria. A microempresária de 46 anos disse que o filho ligou para ela de manhã, no início da operação, pedindo socorro.

"Ele me ligou 8h03 pedindo socorro e perguntei onde ele estava. Eu saí desesperada atrás dele. Ao longo da conversa, ele diz que os meninos estavam com medo e não queriam morrer. Em um local, as mães se organizaram e quatro deles foram salvos e não mortos. Mas, o meu filho estava em uma casa, no Beco do Caboclo, com outros 15 jovens. A gente não conseguiu chegar a tempo e ele foi executado", desabafou a mãe de Marlon.

"Ninguém cria filho para ser bandido. Se o meu filho tivesse errado, ele poderia ser preso. Que eles (os policiais) levassem os meninos presos e não os executassem. Eu moro na comunidade desde que eu nasci e não lembro o dia que eles fizeram isso. Aquilo foi assassinato."

Segundo a Polícia Civil, dos 24 suspeitos mortos na ação, três foram denunciados pelo Ministério Público do Estado por tráfico de drogas e eram procurados pela polícia. De acordo com a investigação Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), eles eram "soldados do tráfico” e atuavam como braço armado da organização criminosa no Jacarezinho.

São eles: Richard Gabriel da Silva Ferreira, conhecido como Kako; Isaac Pinheiro de Oliveira, o Peeda Vasco; e Rômulo Oliveira Lúcio, conhecido como Romulozinho. Os familiares dos três denunciados afirmam a jornalistas, no Instituto Médico-Legal, que eles foram executados.

Até 14h de hoje, peritos do Instituto Médico-Legal tinham identificado corpos de 14 homens mortos durante a operação. Todos com lesões causadas por armas de fogo. São eles:

- Natan Oliveira de Almeida

- Márcio da Silva Bezerra

- Rômulo Oliveira Lucio

- Jhonatan Araújo da Silva

- Carlos Ivan Avelino da Costa Júnior

- André Leonardo de Mello Frias

- Jonas Bernardino dos Santos

- Francisco Fábio Dias

- Cleyton da Silva Freitas

- Ray Barreto de Araújo

- Maurício Ferreira da Silva

- Guilherme de Aquino Simões

- Pedro Donato de Sant'anna

- Luiz Augusto Oliveira de Faria

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) disse nesta sexta-feira que acompanha a perícia nos corpos das pessoas mortas durante a operação. Segundo o órgão, um médico perito do MP teve acesso integral às dependências do Instituto Médico-Legal (IML), onde chegaram os corpos na manhã desta sexta.

O perito vai acompanhar todo o trabalho no IML e registrar, com fotos, o que for do interesse da investigação independente do MPRJ. Essa apuração está sendo conduzida pela 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro.

Patrícia Félix, um das representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB, disse que a instituição vai cobrar uma perícia independente em relação às mortes dos 24 homens. Além disso, o órgão quer saber se os seis presos da ação foram torturados. Félix também afirmou que a OAB vai acompanhar os trâmites para a liberação dos corpos.

"A pobreza não pode ser criminalizada. Na Zona Sul, isso não acontece. As famílias têm reclamado do tratamento após a morte. Independentemente de (alguém) ser bandido, não tem que ter pena de morte. As famílias falam que muitos deles se entregaram e foram assassinados. Uma operação com 25 mortos não é de sucesso", ressalta a representante.

A comissão está recebendo vários materiais, como o relato de parentes de mortos e vídeos. A OAB pretende ainda recorrer a organizações internacionais contra o estado do Rio. "O que conseguimos ver foram relatos de moradores que estão abalados pela polícia ter entrado e matado as pessoas dentro das casas. Foi um banho de sangue. Os corpos foram levados para o hospital sem vida."

Fonte: Valor Econômico

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