"Não faço milagres, não tenho varinha mágica", diz Vítor Pereira após derrota do Corinthians

Por Redação em 18/03/2022 às 01:37:50

Técnico destaca pouco tempo de trabalho à frente do Timão, aponta erros no Dérbi e vê arbitragem permitir excesso de faltas do Palmeiras Os melhores momentos de Palmeiras 2 x 1 Corinthians pelo Campeonato Paulista

O técnico Vítor Pereira reconheceu erros do Corinthians na derrota por 2 a 1 para o Palmeiras, nesta quinta-feira, mas em mais de um momento de sua entrevista coletiva ressaltou o pouco tempo de trabalho que tem à frente da equipe.

No Brasil há cerca de duas semanas, o português comandou o Timão em três jogos, sendo dois deles clássicos – antes do Dérbi, ele já havia perdido para o rival São Paulo e vencido a Ponte Preta.

– Fundamentalmente, foram dois clássicos jogados, um com três dias de trabalho e outro com duas semanas, contra um clube que tem dois anos de trabalho. Eles têm dois anos de trabalho, nós, duas semanas. Não é fácil construir um processo de jogo, não faço milagres, não tenho varinha mágica, não sou mágico – comentou Vítor Pereira, que também apontou uma permissividade do árbitro Matheus Candançan com as faltas do Palmeiras.

– Hoje tivemos um adversário mais forte, mais agressivo do que a Ponte Preta, um árbitro que deixou também que a agressividade estivesse sempre no limite e não conseguimos de fato nos libertar daquela pressão. No segundo tempo tivemos um bocadinho mais de paciência, que foi um erro que cometemos na primeira parte, quando a bola entrava no corredor e queríamos acelerar, entrar nesse corredor, não tivemos a intenção de ligar corredores, tivemos dificuldades por aí e por alguma falta de mobilidade. No segundo tempo já não vi o Palmeiras da mesma forma, conseguimos libertar-nos em alguns momentos, e o que acabou por decidir o jogo foi uma falta que para mim não foi, na entrada da área, e depois acabamos por sofrer o gol nesse escanteio.

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Vítor Pereira, técnico do Corinthians, ao lado de auxiliares

Rodrigo Coca / Ag.Corinthians

Ao analisar a partida, o treinador português pontuou falhas corintianas, sobretudo no aspecto ofensivo:

– Normalmente não sou treinador de arranjar muitas desculpas, sou treinador para analisar a realidade, o que se passou no meu ponto de vista. Então o que aconteceu: tivemos dificuldade em perceber os espaços, por méritos do Palmeiras, que nos pressionou, com muitas pressões individualizadas, no portador da bola. Faltou-nos mobilidade entre os meias, os extremos, e faltou movimentos à profundidade para nos libertar esses espaços. Ou seja: às vezes o espaço estava à profundidade ou necessitava de uma troca posicional para se libertar entrelinhas. Nós tivemos dificuldades – opinou Vítor Pereira, que ainda prosseguiu:

– Faltou-nos também um bocadinho de agressividade sobre os zagueiros deles. Permitimos muitas vezes o passe longo na profundidade, obrigando-nos a correr para trás. Houve uma dificuldade na construção e também, no meu ponto de vista, faltas consecutivas, com excesso de agressividade, que exigiam cartão amarelo. Depois, o Palmeiras não poderia ser tão agressivo. As coisas evoluíram assim, na segunda parte melhoramos, mas depois sofremos o gol de escanteio. Sabíamos perfeitamente daquela entrada onde se passa o gol, na entrada da pequena área, mas não fomos capazes de comunicar e antecipar a ação.

O Corinthians já está classificado para as quartas de final do Paulistão e tem assegurada a liderança do Grupo A. O Timão encerra a participação na primeira fase da competição no domingo, quando encara o Novorizontino, às 16h, fora de casa.

Veja abaixo outros trechos da entrevista coletiva de Vítor Pereira:

Falhas individuais

– Não sou treinador para atribuir derrotas a falhas individuais. Vencemos juntos e perdemos juntos. Estamos num processo de construção de determinada forma de jogar. O processo tem que ser em qualidade, é natural, estamos com duas semanas de trabalho, é por falta de tempo de trabalho que naturalmente o time não está no nível que pretendemos.

Aprendizados

– Nós trabalhamos diariamente para termos bola, para criarmos, para termos mobilidade com a bola, para criarmos linha de passe, para sermos agressivos quando não a temos, e essa tem que ser sempre a intenção. Eu ouço falar muito, chegamos há duas semanas, naturalmente as pessoas podem achar que é possível transformar completamente uma equipe em duas semanas. Eu não estava esperando um jogo domínio completo. Eu disse que a intenção será sempre ter a bola, reagir à perda dela, pressionar. Agora, às vezes, vamos conseguir com mais qualidade, outras teremos que fazer correções no sentindo de crescermos para esse tipo de equipe. Eu nunca disse, como ouvi dizer por aí, que íamos dominar o Palmeiras, que nós íamos jogar... Nunca disse nada disso, nem nunca irei. Disse que nossa intenção tem que ser essa. São duas semanas de trabalho contra uma equipe que tem um treinador a mais de um ano. Temos que ter os pés no chão, entender as circunstâncias da nossa e da equipe adversária.

Lado esquerdo da defesa

– Quando temos que arriscar um pouco no jogo, naturalmente temos que variar um pouco, tentando criar diferentes dificuldades ao adversário. Naturalmente, a lesão do Fábio Santos e do Bruno Melo nos limita um pouco na esquerda. O único que está disponível neste momento é o Piton. O Fagner, do lado direito, sentiu uma certa fadiga muscular. Ele mesmo pediu pra sair. Com a entrada do Mantuan, quis dar mais profundidade naquele lado. O sentido foi esse, alterar alguma coisa, arriscar mais um pouco porque queríamos empatar e virar o jogo.

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Faltou vontade?

– Vontade acho que não faltou. Tivemos dificuldades de se adaptar a um gramado diferente do nosso. Um adversário que tentou, principalmente na primeira etapa, pressionar alto, marcar forte e ser agressivo. Um árbitro... Sinceramente eu não gosto de criticar os árbitros. Todos erramos, eu também erro como treinador. Temos direito a errar e corrigir nossos erros. Agora, um critério para mim um pouquinho diferente, deixando jogar com uma agressividade, para mim, no limite. Se determinadas situações de jogo fossem amareladas, o Palmeiras não jogaria daquela forma agressiva que jogou e que nos limitou. Mas não gosto de me apoiar nos árbitros como desculpa.

– Quando encararmos equipes como essa do Palmeiras, precisamos melhorar nosso processo ofensivo, entender os espaços que temos atacar, onde podemos ferir o adversário. Tivemos falta de paciência para circular a bola, para ligar os corredores, porque o espaço estava no lado contrário, mas insistimos no lado da bola. Enquanto ao próximo jogo, vou avaliar o estado dos jogadores e, provavelmente, terei que fazer algumas alterações que nos permitam jogar em bom nível.

Importância dos clássicos

– Eu vou ter que relembrar vocês, de novo, que jogamos o clássico com o São Paulo com três dias de treino (risos). E eu não sou mágico. Eu acredito no meu trabalho. E depois, com um pouquinho de azar, pegamos dois clássicos seguidos. Não fui muito feliz no calendário. Mas foi como foi. Estamos comparando um trabalho de dois anos do Abel no Palmeiras, com um trabalho de duas semanas do Vítor Pereira no Corinthians. São coisas incomparáveis. Em duas semanas de trabalho, é impossível preparar uma equipe para jogar em um nível alto, em um nível muito alto. Temos que ter os pés no chão. Não sou eu quem crio onda, são vocês que criam as expectativas. As pessoas criam a expectativa. Em duas semanas de trabalho... Não há. Eu acredito no trabalho, não em varinhas mágicas.

Erros do Corinthians e faltas do Palmeiras

– Fundamentalmente, a agressividade com que o Palmeiras entrou, a falta de mobilidade da nossa parte para encontrar os espaços, perceber que os espaços estavam muitas vezes à profundidade. Caímos um bocadinho nas marcação quase individualizadas que o Palmeiras faz, excesso de agressividade que, na minha opinião, não foi sancionado, com faltas a anular contra-ataques perigosos. Eles foram ganhando confiança de que podiam ser cada vez mais agressivos, porque não havia punições. Houve aqui uma diferença de critério, mas também compreendo pela idade do árbitro, pela experiência do árbitro num jogo dessa natureza. O Palmeiras foi mais agressivo do ponto de vista defensivo e faltou-nos essa capacidade para nos libertar dessa pressão. É um processo, temos que ir crescendo.

Lucas Piton

– Eu tenha muita dificuldade de analisar um jogo de futebol centrando em um jogador, porque meu papel é coordenar 11 jogadores mais os que entram depois no jogo. Coordená-los de forma coletiva para que consiga extrair deles o melhor que eles têm e, ao mesmo tempo, corrigir aspectos que têm que ser corrigidos naturalmente. Quando ganhamos, ganhamos como equipe. Quando perdemos, perdemos como equipe. Não me levem a mal, mas tenho dificuldade de centralizar o jogo num atleta como o Lucas Piton, que é jovem e precisa que eu o ajude a crescer. Quando as coisas não resultam como nós queremos, a primeira responsabilidade é minha, depois é compartilhada com a equipe, não com jogador A, B ou C. Não vou individualizar. Como o Lucas, houve vários jogadores... Não foi o jogo pelo adversário e porque temos que melhorar nossos processos ofensivos e defensivos.

Compactação

– Para nós termos um bloco pressionante, como gosto, a pressão tem que começar no bloco da frente. Acho que no primeiro tempo faltou essa pressão, essa retirada de tempo e de espaço do adversário com a bola. Permitimos ao Palmeiras ganhar profundidade. Com esse ganho da profundidade, o que acontece é que, se a pressão for descoordenada, se houver espaço entre linhas, a linha defensiva começa a ter receio de ganhar metros, os atacantes não pressionam os zagueiros adversários. Essa coordenação tem que ser melhorada, não há dúvida, pressionar de forma compacta. O Palmeiras tem uma particularidade com o Rony na profundidade, depois aparece nas segundas bolas. Controlamos melhor na segunda etapa, na primeira tivemos dificuldades.

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Fonte: Globo Esporte/G1

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