Quais times ficaram mais perto da vitória na 9ª rodada do Brasileirão? Entenda metodologia e confira

Por Redação em 07/06/2022 às 16:58:22

Dos quatro empates da rodada, São Paulo, Athletico-PR e Palmeiras produziram melhores oportunidades que seus adversários. Ceará e Coritiba produziram expectativas de gol (xG) parecidas.

O indicador de expectativa de gol (xG) ajuda a contar a história das partidas melhor que as demais estatísticas de finalizações, pois se entende que duas finalizações nem sempre fornecem o mesmo perigo para o adversário, como por exemplo uma feita do meio de campo e uma de pênalti. Por isso, cada finalização recebe um valor diferente, de acordo com suas características, mas levando principalmente em conta a distância e o ângulo de cada uma delas (veja metodologia no final do texto).

América-MG (1,00) 2-1 (0,27) Cuiabá

O América-MG finalizou 15 vezes (oito de dentro da grande área) na partida e produziu o suficiente para marcar um gol: foi eficiente e fez dois. Já o Cuiabá produziu o suficiente para marcar apenas 0,27 gol e fez um com suas quatro finalizações na partida. Simulando 10.000 vezes as finalizações da partida, o Cuiabá só sairia com a vitória em 10% das vezes.

Ceará (1,12) 1-1 (1,04) Coritiba

Equilíbrio no placar e no desempenho apresentado pelas equipes. Apesar de um jogo cheio de finalizações (19 do Ceará e 14 do Coritiba), a maioria delas ocorreu de fora da área. Foram 11 chutes de fora da área do Vozão e 10 do Coxa.

Finalizações de fora da área tem menos chances de serem convertidas em gol. Das 40.465 finalizações de fora da área coletadas pelo Espião Estatístico desde a edição de 2013 do Brasileirão, apenas 1.162 viraram gol. Ou seja, são necessários 34,8 chutes de fora da área, em média, para um gol sair.

Avaí (1,53) 1-1 (2,31) São Paulo

O São Paulo produziu o suficiente para marcar 2,31 gols e só fez um. Boa parte dessa expectativa de gol (xG) da equipe visitante vem dos dois pênaltis marcados a favor (um convertido, outro desperdiçado). O pênalti é o tipo de finalização que tem a maior probabilidade de ser convertido em gol. De 2013 para cá, 988 pênaltis em Campeonatos Brasileiros foram cobrados e 754 foram convertidos (ou seja, em 76,3% das vezes).

Pelo lado do Avaí, tivemos um dos lances que geraram maior expectativa de gol (xG) na partida, porém foi desperdiçado por Copete, que dentro da pequena área cara a cara com goleiro, finalizou com espaço para fora.

Athletico-PR (2,25) 2-2 (1,62) Santos

O Athletico-PR finalizou 15 vezes na partida (duas de dentro da pequena área, cinco de dentro da grande área e oito de fora da área) e produziu uma expectativa de gol de 2,25 xG (próxima dos dois gols marcados). Já o Santos finalizou uma vez a menos que o Furacão (uma de dentro da pequena área, quatro da grande área e nove de fora), produziu uma expectativa de gol de 1,62 xG e marcou dois.

Atlético-GO (1,59) 0-1 (0,56) Corinthians

O Corinthians marcou o gol cedo e depois só finalizou mais sete vezes na partida, produzindo uma expectativa de gol de 0,56 xG. Atrás do placar, o Atlético-GO buscou mais o jogo, finalizou 13 vezes (nove de dentro da área), chegou a produzir o suficiente para marcar pelo menos um gol (1,59 xG), mas foi ineficiente e não marcou nenhum.

Juventude (1,57) 1-0 (0,42) Fluminense

Tirando o gol contra que deu a vitória para a equipe da casa, o Juventude finalizou 12 vezes na partida (metade de dentro da área e outra fora) e pouco viu o Fluminense ameaçar seu gol, já que só produziu uma expectativa de gol de 0,42 xG em seis finalizações. Simulando as finalizações da partida, o Fluminense só sairia com a vitória em 10% das vezes, enquanto o Juventude venceria em 66% delas.

Flamengo (1,74) 1-2 (2,15) Fortaleza

O Flamengo produziu uma expectativa de gol (xG) até maior que um gol, incluindo o pênalti desperdiçado por Pedro, mas não conseguiu fazer mais. Foram outras nove finalizações, seis de dentro da área. Já o Fortaleza praticamente produziu o que marcou: foram dois gols e uma expectativa de gol de 2,15 xG. Foram sete finalizações de dentro da área e outras cinco de fora.

Palmeiras (1,23) 0-0 (0,80) Atlético-MG

O indicador de expectativa de gol (xG) indica que as equipes ficaram próximas de marcar um gol cada, com o Palmeiras criando um pouco mais (1,23 xG contra 0,80 xG do Atlético-MG). Foram 15 finalizações do Verdão (oito de dentro da área e sete de fora) contra 13 do Galo (somente quatro de dentro da área). A diferença de finalizações de dentro da área ajuda a explicar o porquê o Palmeiras ficou mais perto da vitória do que o Atlético-MG. Simulando 10.000 vezes cada finalização da partida, o Verdão sairia com a vitória em 46% das vezes contra 24% das vezes do Galo.

Espião Estatístico

Bragantino (0,56) 0-2 (1,54) Internacional

Era um jogo com pouquíssimas oportunidades até os últimos minutos, quando o Internacional marcou dois, incluindo o segundo gol de pênalti, que tem expectativa de gol (xG) elevada. Com dificuldades de criação, o Bragantino só finalizou oito vezes na partida e produziu uma expectativa baixa de 0,56 xG. Tirando o pênalti, o Inter também só finalizou oito vezes na partida.

Botafogo (1,02) 1-2 (2,18) Goiás

Expectativas de gol (xG) próximas dos gols marcados. O melhor momento do Botafogo na partida foi nos minutos finais da primeira etapa (quando a linha preta do gráfico abaixo sobe mais), justamente quando sai o gol. O Glorioso produziu uma expectativa de 1,02 xG e marcou um.

O Goiás , antes do gol do Fogão, já havia desperdiçado uma boa oportunidade com Caio. Atrás do placar, criou mais na segunda etapa e conseguiu a virada em boas finalizações de Pedro Raul, que ficou cara a cara com Gatito as duas vezes. Minutos antes do primeiro gol, o atacante já havia ficado cara a cara com o goleiro paraguaio, mas finalizou para fora.

Simulando 10.000 vezes cada finalização da partida, o Botafogo sairia com os três pontos em 17% das vezes, o empate ocorreria em 20% das vezes e a vitória do Goiás ocorreria em 64% das vezes. Com isso, é possível calcular a expectativa de pontos (xP): para o caso do Glorioso, seriam 0,71 xP (3 pontos x 17% + 1 ponto x 20%), enquanto a realidade foi nenhum ponto conquistado.

Essas probabilidades podem ser encontradas à direita de cada gráfico e, por fim, podemos ver quem são as equipes mais e menos eficientes em questão de pontos, gols marcados e gols sofridos na tabela abaixo. Vale lembrar de que o futebol é o esporte em que o acerto é mais raro (neste caso o gol) e isso faz com que nem sempre o placar final de um jogo seja condizente com a performance das equipes em campo.

Na tabela acima é possível ver que a maior parte da ineficiência do Fortaleza, lanterna do campeonato, vem do ataque. O indicador de expectativa de gol (xG) sugere que a equipe cearense já deveria ter marcado 12,8 gols, enquanto só fez seis. Na defesa, as características de suas finalizações sofridas sugerem que a equipe deveria ter tomado 9,0 gols, e já foram 12.

Você poderá encontrar gráficos e análises de demais jogos no Twitter do Espião Estatístico

Metodologia

O indicador de "Gols Esperados" ou "Expectativa de Gols" (xG) é uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência mais de 84 mil finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em mais de 3,3 mil jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. São consideradas a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol, a parte do corpo utilizada para concluir, se a finalização foi feita de primeira ou foi ajeitada , se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador, assim como a origem do lance (se a partir de um cruzamento, falta direta, de uma roubada de bola, etc). Também são levados em conta o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco), o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.

Como exemplo, de cada cem finalizações da meia-lua, apenas sete viram gol. Então, considerando somente a distância do chute, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada finalização de cada equipe recebe um valor e é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.

* Bruno Imaizumi é economista parceiro da equipe do Espião Estatístico, que é formada por: Felipe Tavares, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Mateus Pinheiro, Roberto Maleson e Valmir Storti.

Fonte: Globo Esporte/G1

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