Gigantes chinesas da tecnologia compartilham detalhes de algoritmos com o governo pela primeira vez

Por Redação em 15/08/2022 às 08:34:40

Órgão de vigilância da internet chinês divulgou lista com detalhes sobre 30 algoritmos que empresas empregam para coletar dados sobre usuários, personalizar recomendações pessoais e fornecer conteúdo Gigantes da internet da China, a Tencent Holdings e a ByteDance compartilharam detalhes de seus algoritmos com Pequim pela primeira vez, uma medida sem precedentes destinada a conter o abuso de dados que pode acabar comprometendo segredos corporativos bem guardados.

O órgão de vigilância da internet chinês publicou na sexta-feira (12) uma lista descrevendo 30 algoritmos que empresas como Alibaba e Meituan empregam para coletar dados sobre usuários, personalizar recomendações pessoais e fornecer conteúdo.

Embora a lista pública não tenha revelado o código real, não ficou claro até que ponto as empresas de internet podem ter revelado seus softwares subjacentes aos reguladores em particular.

Os algoritmos que decidem quais vídeos do TikTok, postagens do WeChat e fotos do Instagram os usuários veem são considerados o molho secreto de muitos serviços on-line, essenciais para capturar a atenção do usuário e impulsionar o crescimento.

A China adotou, em março, regulamentos que exigem que as empresas de internet divulguem essas ferramentas, um esforço para lidar com reclamações sobre abuso de dados que também ajuda os reguladores a manter as empresas de internet sob controle.

Os algoritmos da indústria de tecnologia são zelosamente guardados e estão no centro das controvérsias políticas em todo o mundo.

Essa exigência de divulgação diferencia a China de países como os EUA, onde a Meta, controladora do Facebook e Instagram, e a Alphabet, dona do Google, argumentaram com sucesso que os algoritmos são segredos comerciais, mesmo quando legisladores e ativistas tentaram entender melhor como eles selecionam conteúdo e gerenciam dados.

“Ninguém nunca teve acesso a esses detalhes antes”, disse Zhai Wei, diretor executivo do Centro de Pesquisa de Direito da Concorrência da Universidade de Ciência Política e Direito da China Oriental, em Xangai.

“Os algoritmos das empresas de tecnologia são os principais segredos de negócios que representam suas competências”, afirma Zhai Wei.

A Administração do Ciberespaço da China (CAC, na sigla em inglês), por enquanto, exige apenas informações básicas das empresas. Mas pode buscar mais detalhes para investigar alegações de violações de dados, acrescentou Zhai Wei. A publicação da lista significa que o processo de implementação está indo bem, disse Ding Mengdan, advogado do escritório de Hangzhou do escritório de advocacia Beijing Yingke.

A China vem endurecendo as regulamentações para conter a expansão descontrolada das gigantes de tecnologia do país. No ano passado, o país introduziu a Lei de Proteção de Informações Pessoais e a Lei de Segurança de Dados para estabelecer regras mais rígidas sobre como as empresas lidam com os dados dos usuários.

A lista de algoritmos disponível para revisão pública limita-se a descrições curtas de como eles funcionam, em quais produtos e casos em que se aplicam.

Por exemplo, a ByteDance diz que seu algoritmo discerne os gostos e desgostos de um usuário para recomendar conteúdo em aplicativos, incluindo a plataforma de vídeos curtos Douyin, primo chinês do TikTok.

A Meituan diz que seus algoritmos ajudam a despachar pedidos de refeições para os passageiros da maneira mais eficiente com base em seu tempo de inatividade e rota de entrega.

O TikTok, que opera apenas fora da China, não é obrigado a compartilhar detalhes com o CAC.

De acordo com os regulamentos, as empresas também devem enviar informações não públicas ao CAC, incluindo uma autoavaliação sobre a segurança dos algoritmos, os dados que coletam, se abrangem informações biométricas ou de identidade confidenciais, e quais fontes de dados são usadas para treinar algoritmos.

O CAC - que emitiu as diretrizes em conjunto com os ministérios chineses da Indústria e Tecnologia da Informação, da Segurança Pública e com a Administração Estatal de Regulação do Mercado - disse que continuará atualizando a lista.

“As informações fornecidas pelas empresas ao CAC são muito mais detalhadas do que o que foi publicado com certeza, e isso envolve alguns segredos comerciais, que não são possíveis de serem divulgados ao público”, disse Zhai.

Bloomberg

Fonte: Valor Econômico

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