Cultura afro-urbana ganha espaço, mas ainda há longo caminho a percorrer

Por Redação em 23/11/2022 às 16:45:42

Cenário vem mudando mais recentemente, com vitórias que devem ser comemoradas, mas ainda um longo caminho a percorrer, segundo especialistas A cultura afro-urbana no Brasil está presente na música, arte, dança, entre várias outras manifestações artísticas, mas, até pouco tempo, não tinha a mesma representatividade na comunicação publicitária e identidade de boa parte das marcas. Esse cenário vem mudando mais recentemente, com vitórias que devem ser comemoradas, mas ainda um longo caminho a percorrer, segundo especialistas que participaram da Live Valor Social nessa quarta-feira (23).

"Nos últimos anos, tivemos a inserção de pessoas negras nas universidades, trazendo outros olhares para o mundo dos negócios. As pessoas começaram a entrar no mundo consumidor. Desde que começou a discussão das cotas, teve uma participação maciça nas redes sociais, da Academia para as ruas", disse AD Jr, head de marketing da Trace Brasil.

A presença de negros nas mídias, segundo ele, forçou empresas e marcas a entender quem é esse público, como conversar e como reagir a um grupo agora mais empoderado.

Nos últimos anos, houve uma valorização do “ser negro”, com uma parcela da sociedade que passou a cobrar por representação e entende que não é minoria, e sim a maioria da população, observou Maryza Macedo, coordenadora de conteúdo dos canais Globo e Globoplay.

"Não vamos mais aceitar o que nos dizem, o que é padrão. Vamos, sim, valorizar o nosso tom de pele, o nosso cabelo natural. Isso chegou de forma mais impositiva e quem não entendeu vai ficar para trás. Não há mais como reverter", afirmou.

O consumidor negro, ressaltou Macedo, hoje é mais engajado, com isso quer entender quais são os valores das empresas e se é representado nos produtos e serviços oferecidos. "Vemos recorrentes cancelamentos de empresas por uma campanha [publicitária] que acaba errando", observou.

Segundo ela, a resposta do público ao aumento de pessoas negras na TV, na publicidade e nos eventos é sempre positiva. "É importante ter esse protagonismo quebrando estereótipos impostos anos atrás. Eu, como mãe de duas crianças negras, vejo como é importante para a autoestima dos meus filhos ter uma pessoa valorizando sua cor, cabelo", afirmou a coordenadora de conteúdo da Globo.

"Por muitos anos, não me aceitei, para me colocar no padrão que era dito como padrão de beleza. Minha filha com 6 anos é muito mais empoderada do que eu era na idade dela", contou.

Mesmo capacitada para ocupar posições de liderança, a mulher negra enfrenta grandes barreiras, ressaltou Macedo. Ela lembrou que, em 2020, a Globo fez um mapeamento dos funcionários e entendeu que havia esse déficit, um quadro que tenta melhorar. "É necessário ter mulheres negras que tomam decisões, impactando nosso negócio e o que acreditamos como marca".

A força da juventude nas ruas e suas reinvindicações, a exemplo de movimentos como o Black Lives Matter, também tornou-se um motor de mudanças, lembrou AD Jr. O movimento surgiu em 2013, nos EUA, após a absolvição do vigilante George Zimmerman, branco-hispânico, pela morte de Trayvon Martin, um rapaz negro, tornando-se uma campanha de alcance internacional contra a violência direcionada às pessoas negras.

"O movimento está acontecendo, os grupos estão falando. Traduzimos tudo isso em conteúdo de qualidade que se comunique com as massas de forma orgânica, para que as pessoas comecem a enxergar. Contamos histórias do povo negro, para que se organize na mentalidade das pessoas. Tem que ser algo educativo e que ao mesmo tempo entretenha ", disse AD, ao mencionar ações e trabalhos desenvolvidos pela Trace Brasil e outras organizações voltadas à promoção da diversidade.

A live dessa quarta (23) fez parte de programação especial da Semana da Consciência Negra, promovida pelo Valor Social – área de responsabilidade social da Globo, com o Valor Econômico.

As lives do Valor podem ser acompanhadas todos os dias às 12h e também revistas no site e nas redes sociais do Valor: YouTube, LinkedIn e Instagram.

Fonte: Valor Econômico

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