Estreante no Cruzeiro, Nikão superou alcoolismo e dramas de família para realizar sonho da mãe

Atacante estreia pelo Cruzeiro com gol e relembra da mãe que morreu quando o atacante tinha oito anos Quem viu Nikão sorrindo e comemorando o gol na estreia do Cruzeiro, talvez não saiba as barreiras pessoais e familiares que o atacante venceu para viver os melhores anos de sua carreira como jogador de futebol. Dos dramas de família ao alcoolismo, o atacante de 30 anos iniciou a passagem pelo time mineiro da melhor forma.

Nikão dedica gol pelo Cruzeiro à mãe: "Seu time do coração! Perdi ela aos 8 anos"

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Nikão foi um dos principais jogadores do Cruzeiro na vitória por 2 a 1 sobre o Patrocinense. Marcou o primeiro gol e iniciou a jogada que resultou no pênalti convertido por Bruno Rodrigues. Realizou, enfim, o sonho da mãe.

- Muito feliz pelo gol no meu time do coração. Pena que minha mãe, que perdi com oito anos, não pode ver. Era um time que ela torcia muito. Até brigava. Mãe, teu filho tá aqui no seu time do coração, realizando o sonho da senhora. Esse gol é para senhora. Tenho certeza que ela está feliz de onde estiver - disse o atacante ao Premiere.

No Cruzeiro, ele busca reviver os melhores momentos de sua carreira, que aconteceram no Athletico-PR, pelo qual, como ele próprio disse em sua saída no começo de 2022, "mudou sua vida profissional".

Foi em Curitiba que Nikão deu uma guinada e mudança de rota de vida, como ele próprio contou ao ge quando ainda estava atuando no Paraná. Nikão venceu o alcoolismo e, do perfil "jogador nômade" (passou por Mirassol, Atlético-MG, Vitória, Bahia, América-MG, Ponte Preta, Linense e Ceará), virou um dos grandes ídolos recentes do Athletico.

Nikão Cruzeiro

Gustavo Aleixo/Cruzeiro

- Com oito anos, eu acabei perdendo minha mãe, com câncer. Aos 16, minha avó, que cuidou de mim, também faleceu. Um ano depois, perdi um irmão de 23 anos em um acidente de carro. E não conheci meu pai. Minha relação com o álcool começou aos 12 anos e foi até os 22 anos. Chegou um momento em que eu jogava para sustentar o meu vício da bebida. Onde tinha bebida, eu estava junto. Bebia vodca, uísque, cerveja, vinho, champanhe - relembrou ao ge, em 2019.

A partir de 2015, no Athletico, Nikão começou a lutar contra seus vícios e mostrar o talento que tinha mostrado nos pés e demonstrado ainda lá no começo, no Mirassol, o que fez o rival do Cruzeiro, do Atlético-MG, ser atraído.

Nikão, esposa e filho com outras pessoas próximas na apresentação no Cruzeiro

Marco Ferraz

- Chegou um momento que eu vi a oportunidade que o Athletico estava me dando, a confiança que o presidente havia depositado em mim. E eu estava jogando tudo aquilo fora. Eu vi que precisava de ajuda, que precisava me firmar em algum lugar. Se eu saísse do Athletico, ninguém mais ia me querer e minha carreira ia ladeira abaixo - disse Nikão, afirmando que se firmou com a ajuda da esposa e do filho, seus pilares.

Nikão é anunciado pelo Cruzeiro: "Meu time do coração"

- Quando eu perdi meu irmão, eu falei que quando tivesse um filho, colocaria o nome dele. Eu era muito apegado a ele. Além de irmão, era um amigo, um cara que sempre me apoiou a estar no futebol. Sempre me deu conselhos para eu prosseguir - relembrou Nikão, lá em 2019.

O desempenho vitorioso no Athletico-PR, que culminou no título da Copa Sul-Americana 2001, fez o São Paulo o contratar. Entretanto, na capital paulista, não houve desempenho esportivo, nem adaptação à rotina de vida.

- Minha saída do São Paulo foi por uma questão familiar. Não tive cabeça para estar nos treinos, nos jogos, sabendo que minha família não estava confortável. Conversei com meus empresários e achamos que era a melhor saída e decisão de deixar o clube pela saúde da minha família, pela alegria da minha família. Não tem nada a ver com a instituição, torcida, dirigente, presidente. Sempre tive respeito e o profissionalismo e o carinho de todos. Foi mesmo por uma questão familiar - explicou o atacante na apresentação no Cruzeiro.

Inegável que Nikão é uma das principais contratações do Cruzeiro para 2023. Chegou por empréstimo do São Paulo, mas ganhou a camisa 10. A boa impressão já foi deixada na estreia.

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