Entre os alvos, estariam o senador Sergio Moro (União-PR) e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que investiga a atuação da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Durante a operação, a PF prendeu, pelo menos, nove pessoas.
"Considerando a repercussão que o presente caso vem tendo na mĂdia, autorizo o encaminhamento aos órgãos de imprensa que assim solicitarem, via assessoria de imprensa desta seccional, cópias das representações policiais e das decisões que autorizaram as prisões e as buscas, bem como o termo de audiĂȘncia de custódia realizada ontem, dia 22/03/2023", escreveu a juĂza, ao retirar o sigilo.Segundo nota divulgada pela Justiça Federal do ParanĂĄ, a retirada do sigilo do processo foi um pedido do delegado que conduz as investigações, protocolado nos autos às 14h de ontem. "Por cautela, a juĂza federal designada para atuar no caso entendeu melhor manter o nĂvel de sigilo 1, por segurança dos investigados e vĂtimas, autorizando a divulgação apenas das representações policiais e das decisões que autorizaram as prisões e as buscas, bem como o termo de audiĂȘncia de custódia", explicou a Justiça.
Para o ministro da Justiça e Segurança PĂșblica, FlĂĄvio Dino, com a operação, a PolĂcia Federal deixou claro que faz um trabalho técnico, sem interferĂȘncia polĂtica. "Hoje, mostramos como atua a PolĂcia Federal, que não é aparelhada politicamente. Ao contrĂĄrio do que estão dizendo nesse momento na internet", afirmou o ministro, ontem (23)
Ainda segundo Dino, a PF estava investigando a quadrilha hĂĄ pelo menos 45 dias, desde que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o avisou de que havia um plano de execução de Moro. Dino acrescentou que foi a própria PF quem decidiu deflagrar a operação nessa quarta-feira. No pedido à Justiça Federal de Curitiba, para autorizar a operação, a PF solicitava a manutenção do "sigilo mĂĄximo" dos despachos.
Além disso, a polĂcia continua investigando as razões pelas quais os criminosos tinham Sergio Moro como alvo e como seria o ataque, mas as principais hipóteses são extorsão mediante sequestro, chantagem ou até mesmo assassinato.
Nessa quinta-feira (23), ao participar de evento no Rio, o presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva disse que o plano do PCC para executar Moro poderia ser "mais uma armação" do ex-juiz. "Eu não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Acho que é mais uma armação e se for mais uma armação, ele vai ficar mais desmascarado ainda", afirmou, durante visita ao Complexo Naval de ItaguaĂ.
Em vĂdeo compartilhado nas redes sociais, Moro criticou a fala de Lula. "Quero perguntar ao senhor presidente da RepĂșblica: o senhor não respeita o combate que os agentes da lei, e aqui eu me incluo como ministro da Justiça e antes como juiz, o combate que nós fizemos ao crime organizado?", disse Moro.
Nesta sexta-feira (24), o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, questionou a decisão da juĂza Gabriela Hardt de retirar o sigilo da operação. "Uma juĂza retirar o sigilo de um inquérito sensĂvel e perigoso que ainda estĂĄ em curso, sem combinar com a PF que estĂĄ no comando da investigação ajuda no que? Tudo isso para ajudar a narrativa de um amigo? VocĂȘs acham normal? Não se indignam?", escreveu Pimenta nas redes sociais.
Gabriela Hardt substituiu Sergio Moro em 2018, quando ele pediu exoneração da 13ÂȘ Vara Federal de Curitiba para assumir o cargo de ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro. Ela assumiu a Operação Lava Jato, na época, e foi responsĂĄvel pela sentença que condenou Lula, em 2019.
Fonte: AgĂȘncia Brasil