Incômodo com Copa América une principais seleções e pode virar maior movimento de jogadores no continente desde a greve de 1948

Por Redação em 04/06/2021 às 05:06:52

Pronunciamento de Luis Suárez, incômodo de Messi e ausência de Casemiro na conferência de imprensa expõe tentativa de unidade entre atletas das principais seleções do continente. Pode ser histórico É impossível cravar neste momento se haverá unidade e coordenação a insatisfação dos jogadores com a maneira como a Confederação Sul-Americana brincou com a Copa América e com os artistas, protagonistas, os atletas. Há sinais de que a manifestação da seleção brasileira, em reunião com o presidente da CBF, Rogério Caboclo, espalha-se pelas principais equipes do continente e há chance de explodir numa inédita unidade para não disputar o torneio -- ou para disputá-lo sob protesto.

A reunião dos jogadores com Rogério Caboclo aconteceu no final da quarta-feira e um novo encontro com o presidente da CBF produziu situação de constrangimento, comum também nos corredores do prédio da Barra da Tijuca. Antes, no início da semana, o atacante uruguaio Luis Suárez deixou claro seu desagrado com a mudança da Copa América para o Brasil. Informações da Argentina também indicam Messi descontente.

Todos estes craques se falam, conversam, são amigos ou ao menos se conhecem e se respeitam. Não se trata de um movimento de jogadores que atuam na Europa. A seleção brasileira tem unidade. Os cinco convocados de clubes brasileiros não se separaram dos que vieram do outro lado do Atlãntico. Todos manifestaram o que pensam. Juntos.

Há, neste momento, respeito às eliminatórias. Entende-se, então, que não está em questão apenas o ponto da saúde, mas o respeito à profissão. Manter as eliminatórias significa cumprir contratos em vigor, não ameaçar a Copa do Mundo e, por consequência, as carreiras de todos os atletas. Tentar realizar a Olimpíada de Tóquio também tem a missão de manter o que foi assinado. Não houve mudança abrupta. É preciso ter cuidado com a covid, mas também respeito a tantos que trabalham com base nos compromissos.

O caso da Copa América seria compreendido se a realização fosse possível na Colômbia e na Argentina. Estava tudo acordado, havia gente trabalhando, patrocinadores, técnicos, massagistas, roupeiros, gente assegurada para trabalhar no Comitê Local de Organização. Se Argentina e Colômbia não têm condição de honrar o que combinaram, ninguém pensou em perguntar aos jogadores como se sentem? Se estão seguros, se suas famílias ficarão confortáveis disputando o torneio sem comitê organizador, sem saber até quarta-feira em quais estádios, sem certeza de que terão segurança?

Muitas vezes, os atletas aceitaram desaforos. Desta vez, estão manifestando o desconforto. Ou, pelo menos, organizando-se para manifestá-lo, seguindo o que fizeram os atletas da NBA depois da morte de George Floyd.

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Não é possível neste momento precisar quão grande será a unidade dos atletas. Mas é certo que eles estão insatisfeitos e que haverá uma manifestação dura logo depois do final da data Fifa, terça-feira.

Não apenas da seleção brasileira.

Em 1948, a Argentina foi palco da maior greve já vista de jogadores de futebol no continente. O movimento não nasceu por condições de trabalho da elite, mas como protesto pelos clubes assinarem contratos e deixarem de pagar salários quando a classificação no campeonato fracassava. Todos se mobilizaram pelos mais pobres.

Foi o que levou o presidente da Liga Dimayor, da Colômbia, Alfonso Senior, viajar a Buenos Aires e oferecer contratos para seu campeonato, fora da Fifa. Em vez de comprar Di Stéfano do River Plate, pagava parte do que entregaria ao clube argentino ao próprio craque. Assim, Pedernera, Nestor Rossi, Heleno de Freitas, Marinho Rodrigues, Di Stéfano foram disputar o campeonato pirata da Colômbia.

A aventura durou até 1953.

Houve outras greves na Argentina, no Uruguai, mas nunca um movimento tão marcante quanto o de 1948. É possível que a Copa América reúna jogadores das dez seleções e produza um gesto jamais visto na história do esporte sul-americano.

O início da semana que vem dirá se isto de fato pode acontecer.

Fonte: Globo Esporte/G1

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