Copom indica em ata que pode haver redução da Selic em agosto
Depois da divulgação da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o Palácio do Planalto avalia que está garantida uma pequena redução dos juros em agosto, ainda que com um placar sem unanimidade.
A ata publicada nesta terça-feira (27) indicou que a maioria dos integrantes atuais do órgão — oito diretores e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto — entendem que, se a inflação seguir caindo, há espaço para uma queda gradual da taxa Selic na próxima reunião.
Segundo assessores presidenciais, a avaliação é que o BC indicou uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa Selic em agosto. Hoje, a alíquota é de 13,75% ao ano.
O Planalto espera uma votação sem unanimidade, com seis diretores votando a favor da redução e, talvez, três contra. Mas esse cenário pode mudar se os indicadores seguirem positivos até lá.
Para o governo, apenas uma grande turbulência na economia, que fizesse o dólar disparar e a inflação subir, faria o Banco Central mudar a rota traçada na ata publicada nesta terça.
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Sinais opostos
No Ministério da Fazenda, a falta de unidade entre o comunicado divulgado pelo Copom na semana passada e a ata da reunião foi criticada, porque levou o mercado a apostar inicialmente que os juros não cairiam em agosto.
Em 21 de junho, antes da divulgação da ata integral da reunião, o Banco Central publicou um comunicado afirmando que manteria os juros em 13,75%, e que o momento ainda exigia "cautela e parcimônia".
Com a ata detalhando as discussões e divergências entre os integrantes do comitê, o vento mudou de direção, com o mercado passando a acreditar em uma redução gradual da taxa Selic em agosto.
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No documento detalhado, ficou claro que cinco diretores votaram a favor dessa sinalização de queda. Três, contra.
Com a chegada de Gabriel Galípolo em agosto, cujo nome deve ser aprovado pelo Senado para ocupar uma diretoria antes do recesso parlamentar, o placar subiria para 6 a 3. E, no governo, a avaliação é que Roberto Campos Neto foi um dos membros do Copom que votou a favor da queda dos juros.
Na terça, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou um convite para que ele compareça e explique o índice da Selic. Na mesma data, foi mais uma vez criticado pelo presidente Lula e até por até então aliados, como o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Inicialmente, por sinal, o requerimento na CAE era de convocação, mas foi transformado em convite. Com isso, Campos Neto não é obrigado a comparecer, mas deve negociar uma data para ir ao Senado.