Análise: Filipinho chega como favorito em Trestles, mas Colapinto é ameaça real

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Por Redação em 07/09/2023 às 12:25:28

Na torcida para Chumbinho estar num dia inspirado e termos a terceira decisão seguida entre brasileiros no Finals Depois de terminar a temporada regular em primeiro do ranking pelo segundo ano seguido, Filipe Toledo vai precisar conquistar oficialmente o título mundial, como também fez ano passado, no WSL Finals. A janela abre nesta sexta-feira e a competição acontecerá em apenas um dia, até 16. As previsões indicam que dias 10 e 13 seriam os melhores da janela. Filipinho é novamente o favorito em Trestles, em São Clemente, onde mora há anos e uma onda que conhece muito bem.

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É a terceira vez que o mundial de surfe será decidido no sistema do Finals e até agora o domínio é brasileiro. Pelo menos no masculino, o surfista que terminou a temporada regular em primeiro do ranking garantiu o título ao vencer as duas baterias sem dar chance na melhor de três contra o desafiante. De olho no lugar de Filipinho, estão, na ordem do ranking, o americano Griffin Colapinto, o australiano Ethan Ewing, o brasileiro João Chianca Chumbinho e o também australiano Jack Robinson. Filipinho chega ao Finals pela terceira vez, Ewing e Robinson estiveram lá ano passado, enquanto Colapinto e Chumbinho estreiam.

Filipe Toledo destruindo as direitas de Lower Trestles

Pat Nolan/wsl

Não custa lembrar que desde 2019 o campeão e o vice são do Brasil: Italo Ferreira e Gabriel Medina em 2019, Medina e Filipinho em 2021 e Filipinho e Italo em 2022. Em 2018 o título também ficou em casa, com Medina e Filipinho terminando em terceiro. Nas últimas oito disputas foram seis títulos do Brasil, pois temos ainda Adriano de Souza, em 2015 e Medina, em 2014. Só John John Florence furou nossa bolha, em 2016 e 2017.

E agora? Será que nosso domínio está ameaçado? Como escrevi, Filipinho é o favorito, já está na confortável posição de esperar um desafiante para a melhor de três, mas acho que a ameaça estrangeira nunca foi tão grande, até porque as disputas anteriores ficaram mesmo entre brasileiros. O "vilão" da vez é o gente boa Colapinto. O americano é de São Clemente, conhece a onda de Trestles tanto quanto Filipinho, fez um ano muito consistente e tem um surfe que se adapta muito bem aos critérios anunciados para o Finals pela WSL, que promete olhar com carinho para as manobras aéreas. Segundo a WSL, aéreos bem executados nas partes mais críticas serão bem valorizados, mas a entidade também deixou claro que as manobras de linhas que forem executadas no pocket da onda e extrapolando o lipe também serão recompensadas, sugerindo que o ideal é a combinação.

Griffin Colapinto surfe Peniche

Damien Poullenot/WSL

É sopa no mel para Filipinho, que tem o surfe mais completo nessas chamadas "ondas de performance". Como Trestltes normalmente oferece muitas oportunidades durante as baterias, se o brasileiro estiver num dia bom, é muito difícil de ser batido, principalmente numa melhor de três. Colapinto ou qualquer outro que chegar terá de surfar no limite para superar Filipinho bem. De qualquer forma, pelo histórico que acompanhamos de volta e meia o julgamento pender para o surfista da casa, é melhor Filipinho não deixar a bateria muito apertada, contra o local ou qualquer outro.

Os dois primeiros do ranking são meus favoritos, mas todos os finalistas são excelentes surfistas e podem surpreender. Vejam bem, surpreender, pois Trestles é realmente uma onda perfeita para Filipinho e Colapinto. O comentarista Marcelo Bôscoli, do Por Dentro do Tour, lembrou que as duas últimas etapas de Punta Rocas apresentaram ondas parecidas com Trestles e os dois fizeram as duas finais, com uma vitória para cada, Colapinto ano passado e Filipinho, na atual temporada.

Filipe Toledo e Griffin Colapinto posam com os troféus em El Salvador

WSL

O primeiro confronto será entre Chumbinho e Robinson. Duelo equilibrado, os dois estão treinando bem em Trestles, mas vejo o australiano com ligeiro favoritismo. Robinson já tem a experiência de participar do Finals e conta com os aéreos mais no pé do que Chumbinho, além de uma frieza impressionante em momentos decisivos. Porém, em entrevista publicada aqui semana passada, Pinga, técnico do quatro do ranking, disse que o brasileiro está com algumas manobras novas, que precisariam apenas de mais regularidade para serem executadas nas competições. Com um surfe explosivo e impetuoso, Chumbinho assombrou nas primeiras etapas, mas deu a impressão de sentir um pouco a pressão da lycra amarela. O mental pode ser a chave para um bom resultado do brasileiro em Trestles. Na torcida para estar naquele dia inspirado, com foco e atenção, conseguindo soltar manobras novas, para chegar até a decisão e vermos uma final brasileira pela terceira vez seguida.

João Chianca em ação em Saquarema

Thiago Diz/World Surf League

Se no masculino temos um grande favorito e um segundo bem cotado, no feminino a disputa está mais aberta, com equilíbrio bem grande, com ligeiro favoritismo (e torcida) por Carissa Moore. A havaiana chega novamente como a primeira do ranking e não merece perder o título depois de mais um ótimo ano na temporada regular, como aconteceu ano passado, contra Stephanie Gilmore.

Carissa Moore em ação em Trestles

WSL / Morris

A novata Caitlin Simmers, de apenas 17 anos, não chega a ser local como Caroline Marks, mas também é da Califórnia e está sempre por ali. Ela enfrentará a australiana Molly Piklum no primeiro confronto. Acho o surfe da Caitlin mais encaixado com Trestltes. A garota-prodígio é rápida e até arrisca uns aéreos, mas pode sentir o fato de estar pela primeira vez Finals. Num dia inspirado, tem chance de ir longe.

Na verdade, num dia inspirado, qualquer uma delas pode ganhar. Caroline Marks, que chega no Finals em terceiro e pegará a vencedora do primeiro confronto, cresceu surfando em Trestltes e será a única goofy entre todos os 10 surfistas do Finals. Surfa ainda melhor de backside e pode até tirar alguma vantagem por fazer um surfe diferente em relação aos outros, além de talvez ser a única pessoa que tentará surfar esquerdas.

Tyler Wrigth estará à espera da vencedora deste segundo confronto. A australiana não arrisca aéreos, mas tem um surfe de manobras potentes de borda e ataque ao lipe que costumam lhe dar vitórias importantes. Confiante e com escolha certa de ondas, é uma adversária fortíssima para qualquer uma.

Por fim chegamos à Carissa, sem dúvida ainda a melhor surfista da atualidade. Consistente e muito técnica, merece o título depois do que aconteceu ano passado. Na torcida para que o fantasma de 2022 não a assombre durante suas baterias e que ela consiga chegar ao seu sexto título mundial.

Boas Ondas!!!!

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Fonte: Globo Esporte/G1

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